Um
fala, o outro não entende. (Assunto voltado para a área escolar, mas de utilidade para todos).
Qual usuário de telefonia celular já não
passou pela lamentável situação de buscar comunicar-se e isso não ser possível.
As variáveis se revezam entre a falta de sinal da operadora, a interferência de
outros serviços ou equipamentos, ruídos, aparelho telefônico inadequado, região
onde se está não ser atendida pela operadora do usuário, linha cruzada, linha
ocupada, sistema de telefonia com demanda superada (extrapolada) pelo número de
linhas ativas, aparelho receptor desligado e etc. Os motivos são vários, e
muitos atuam ao mesmo tempo, mas o pior é não conseguir a comunicação
necessária entre o emissor e o receptor da mensagem.
Comunicar-se é fazer-se entender. O sucesso
se dá quando o receptor da mensagem a entende tal qual o emissor quis
comunicar. O problema é que isso não acontece facilmente. Baseado em nossas
experiências e autoconceito, normalmente procuramos interpretar as comunicações
em vez de aceita-las como originadas. Uma mensagem ou comunicação mal
interpretada produz um grande prejuízo.
Os administradores escolares, a equipe
pedagógica e de apoio, os educadores, dia a dia necessitam da comunicação limpa
e eficaz em nossas unidades escolares. É necessário que entre esses núcleos da
equipe a comunicação flua facilmente entre todos.
Quando a comunicação falha, toda a
estrutura educacional passa por um momento de alerta.
Utilizando dessa parábola da telefonia
celular, podemos identificar os problemas mais comuns em nossa comunicação
empresarial.
Vejamos algumas situações:
1) Falta de Sinal –
é a comunicação nula. Não há interação entre as áreas de atuação dos
profissionais dentro da unidade escolar. Pode até ser emitida alguma forma de
comunicação, mas essa não chega a seu destino.
2) Região não atendida –
são os casos decorrentes de quando a administração escolar é tida como “de
gabinete”. Os administradores não circulam na escola, não conhecem os
ambientes, os alunos, os serviços prestados. Atendem somente algumas áreas e se
esquivam de outros departamentos ou pessoas que também dependem deles. Esses
que não têm a atenção da administração são tais quais regiões não atendidas por
esses “operadores”.
3) Interferência de outros serviços –
podemos identificar essa falha quando a administração ocupa-se mais em atender
fornecedores de materiais, prestadores de serviços, e dão menor tempo ou
empenho de sua atenção aos clientes de fato, tais como: alunos, pais,
professores, coordenadores, supervisores e equipes de apoio.
4) Ruídos –
comuns quando a comunicação entre receptores e emissores é ríspida, grosseira e
imperativa. Os ruídos e chiados incomodam, atrapalham, mas ainda há a
possibilidade de se manter uma comunicação, mas não se sabe por quanto tempo a
mesma se dará de forma eficaz. Nesses casos, quando se mantém esse “estilo” de
comunicação, normalmente a “ligação cai”.
5) Linha ocupada ou desligada –
Aparentemente semelhante à situação de “região não atendida”, mas nessa
condição não se restringe a somente uma região, é um emissor ou receptor que
está “desligado”, sem interesse ou ocupado demais para participar da
comunicação.
6) Sistema de telefonia extrapolado pela
demanda – aqui entra a solução de melhorar a rede de
comunicação. Quando os emissores (administradores) estão com a demanda de tempo
extrapolada para atender ou receber a comunicação dos outros departamentos ou
níveis dentro da escola é necessário aprimorar os meios de comunicação interna
ou ampliar o número de atendentes. É a delegação de responsabilidades que
facilita a solução desse problema. Pessoas com tempo ocioso e responsáveis
podem cooperar sendo investidas de autoridade para resolver pequenas situações
dentro da unidade escolar. Assim é ampliado o atendimento e a comunicação se
torna mais eficiente.
7) Linha cruzada –
identificável nas circunstâncias que há boa comunicação entre o emissor e
receptor da mensagem, mas alguém mal intencionado resolve interpretar situações
da comunicação e manipula os emissores e receptores para que entrem em
conflito. É um dos piores problemas na comunicação interna, porque não é de
fácil detecção entre os envolvidos que alguém os está perturbando com a
finalidade de prejudicar a conversa livre e útil na escola. Linhas cruzadas
estragam a relação comunicativa entre todos e ainda dá um significado contrário
às conversas emitidas de todos os lados. Ao identificar o mal intencionado,
elimine-o, pois senão o estrago será enorme.
8) Aparelho inadequado –
Grave, muito grave. Se é inadequado, está operando em atividade que não tem
atributos ou capacidade para atuar. Independente da categoria, se emissor ou
receptor, é recomendado sua substituição imediata ou os serviços dificilmente
estarão no nível mínimo de satisfação esperados.
Com essas situações abordadas podemos
identificar falhas, corrigi-las e então facilitarmos nossa comunicação
profissional. Além disso, contamos com conselhos importantes sobre o assunto.
Vejamos abaixo:
“Os professores devem dar especial atenção ao cultivo
da voz. Devem aprender a falar, sem nervosismo e precipitação, mas enunciando
pausada, distinta e claramente, conservando a harmonia da voz.” – Mente,
caráter e personalidade, pág. 581.
“Muitos falam rapidamente, precipitando uma palavra
após outra tão depressa que se perde o efeito do que dizem.” – Conselhos aos
pais, professores e estudantes, pág. 255.
A comunicação é um remédio pouco usado.
Utilizando-a poderíamos evitar grandes desentendimentos. O orgulho, o egoísmo e
a vaidade tem feito com que nos comuniquemos menos, falemos menos e pensemos
demais. Por pensarmos e não expressarmos é que, por vezes, os professores não
sabem ou não entendem o que os administradores esperam deles.
Por não haver conversa franca e honesta os
coordenadores pedagógicos podem supor que a prática pedagógica esperada de seus
liderados não está ideal, mas não expressam o que querem e a prática continuará
a mesma.
Administradores escolares e financeiros,
por não se comunicarem adequadamente, correm o risco de manter uma postura de
conflito, mesmo sendo altamente eficientes nas áreas que são responsáveis. Suas
áreas vão bem, mas o todo sofre. Se houver comunicação transparente, parceria
de trabalho, conversas claras, discussões saudáveis, humildade para aceitar a
opinião contrária, tudo pode ser melhor.
Tenhamos cuidado se estamos nervosos,
frustrados, emocionalmente envolvidos, irritados, no ambiente errado, com
pessoas que não precisam partilhar do assunto envolvido. Se isso contribui para
problemas maiores é momento de calar-se. Procurar um momento adequado, depois
de passar a irritação, buscar a comunicação e focar no problema e não na
pessoa.
Conversas cruzadas ocorrem todos os dias.
Podemos complicar ou facilitar. É necessário coragem e maturidade dos
comunicadores para que ouçam e falem o que pensam, somem as ideias, eliminem os
preconceitos e todo o corpo administrativo e pedagógico se fortificará e
tornar-se-á uma fortaleza contra os inimigos do sucesso.
Se você é professor e crê que os seus
superiores não entendem suas necessidades profissionais ou está insatisfeito
com alguma situação específica e não vê possibilidades de melhoras para isso,
de modo sábio comunique isso ao seu superior. Algumas vezes não mudam ou
alteram coisas que esperamos que sejam feitas porque os envolvidos na solução não
constataram que tais mudanças são necessárias. Você poderá ser parte da solução
de muitos revezes na escola.
Caso seja um administrador e supõe que suas
ordens ou orientações não estão sendo seguidas, aceitas, obedecidas, pode estar
sofrendo com a má comunicação. Em reuniões administrativas, após expor suas
ideias, desafios, propostas, projetos, pergunte se todos entenderam, se ficou
alguma dúvida, incite que perguntem, explique novamente, use palavras comuns,
conversação simples e busque compreensão do que foi comunicado. Convide um
colega para que discuta antecipadamente as agendas de reuniões e poderás
corrigir alguns possíveis “ruídos” antes de emitir sua mensagem a todos.
Guardar na mente, pensar negativamente,
criar fábulas e acreditar nelas, só leva ao fracasso. Fale, comunique-se sem
medo e terás a possibilidade de mudar o mundo, se necessário for.
Já dizia o Poeta:
“não me ajeito com os padres, os críticos e os
canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação
direta”. – Mário
Quintana.
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