quinta-feira, 28 de junho de 2012

CONVERSAS CRUZADAS


Um fala, o outro não entende. (Assunto voltado para a área escolar, mas de utilidade para todos).

Qual usuário de telefonia celular já não passou pela lamentável situação de buscar comunicar-se e isso não ser possível. As variáveis se revezam entre a falta de sinal da operadora, a interferência de outros serviços ou equipamentos, ruídos, aparelho telefônico inadequado, região onde se está não ser atendida pela operadora do usuário, linha cruzada, linha ocupada, sistema de telefonia com demanda superada (extrapolada) pelo número de linhas ativas, aparelho receptor desligado e etc. Os motivos são vários, e muitos atuam ao mesmo tempo, mas o pior é não conseguir a comunicação necessária entre o emissor e o receptor da mensagem.



Comunicar-se é fazer-se entender. O sucesso se dá quando o receptor da mensagem a entende tal qual o emissor quis comunicar. O problema é que isso não acontece facilmente. Baseado em nossas experiências e autoconceito, normalmente procuramos interpretar as comunicações em vez de aceita-las como originadas. Uma mensagem ou comunicação mal interpretada produz um grande prejuízo.



Os administradores escolares, a equipe pedagógica e de apoio, os educadores, dia a dia necessitam da comunicação limpa e eficaz em nossas unidades escolares. É necessário que entre esses núcleos da equipe a comunicação flua facilmente entre todos.



Quando a comunicação falha, toda a estrutura educacional passa por um momento de alerta.



Utilizando dessa parábola da telefonia celular, podemos identificar os problemas mais comuns em nossa comunicação empresarial.



Vejamos algumas situações:



1)   Falta de Sinal – é a comunicação nula. Não há interação entre as áreas de atuação dos profissionais dentro da unidade escolar. Pode até ser emitida alguma forma de comunicação, mas essa não chega a seu destino.

2)   Região não atendida – são os casos decorrentes de quando a administração escolar é tida como “de gabinete”. Os administradores não circulam na escola, não conhecem os ambientes, os alunos, os serviços prestados. Atendem somente algumas áreas e se esquivam de outros departamentos ou pessoas que também dependem deles. Esses que não têm a atenção da administração são tais quais regiões não atendidas por esses “operadores”.

3)   Interferência de outros serviços – podemos identificar essa falha quando a administração ocupa-se mais em atender fornecedores de materiais, prestadores de serviços, e dão menor tempo ou empenho de sua atenção aos clientes de fato, tais como: alunos, pais, professores, coordenadores, supervisores e equipes de apoio.

4)   Ruídos – comuns quando a comunicação entre receptores e emissores é ríspida, grosseira e imperativa. Os ruídos e chiados incomodam, atrapalham, mas ainda há a possibilidade de se manter uma comunicação, mas não se sabe por quanto tempo a mesma se dará de forma eficaz. Nesses casos, quando se mantém esse “estilo” de comunicação, normalmente a “ligação cai”.

5)   Linha ocupada ou desligada – Aparentemente semelhante à situação de “região não atendida”, mas nessa condição não se restringe a somente uma região, é um emissor ou receptor que está “desligado”, sem interesse ou ocupado demais para participar da comunicação.

6)   Sistema de telefonia extrapolado pela demanda – aqui entra a solução de melhorar a rede de comunicação. Quando os emissores (administradores) estão com a demanda de tempo extrapolada para atender ou receber a comunicação dos outros departamentos ou níveis dentro da escola é necessário aprimorar os meios de comunicação interna ou ampliar o número de atendentes. É a delegação de responsabilidades que facilita a solução desse problema. Pessoas com tempo ocioso e responsáveis podem cooperar sendo investidas de autoridade para resolver pequenas situações dentro da unidade escolar. Assim é ampliado o atendimento e a comunicação se torna mais eficiente.

7)   Linha cruzada – identificável nas circunstâncias que há boa comunicação entre o emissor e receptor da mensagem, mas alguém mal intencionado resolve interpretar situações da comunicação e manipula os emissores e receptores para que entrem em conflito. É um dos piores problemas na comunicação interna, porque não é de fácil detecção entre os envolvidos que alguém os está perturbando com a finalidade de prejudicar a conversa livre e útil na escola. Linhas cruzadas estragam a relação comunicativa entre todos e ainda dá um significado contrário às conversas emitidas de todos os lados. Ao identificar o mal intencionado, elimine-o, pois senão o estrago será enorme.

8)   Aparelho inadequado – Grave, muito grave. Se é inadequado, está operando em atividade que não tem atributos ou capacidade para atuar. Independente da categoria, se emissor ou receptor, é recomendado sua substituição imediata ou os serviços dificilmente estarão no nível mínimo de satisfação esperados.



Com essas situações abordadas podemos identificar falhas, corrigi-las e então facilitarmos nossa comunicação profissional. Além disso, contamos com conselhos importantes sobre o assunto. Vejamos abaixo:



“Os professores devem dar especial atenção ao cultivo da voz. Devem aprender a falar, sem nervosismo e precipitação, mas enunciando pausada, distinta e claramente, conservando a harmonia da voz.” – Mente, caráter e personalidade, pág. 581.



“Muitos falam rapidamente, precipitando uma palavra após outra tão depressa que se perde o efeito do que dizem.” – Conselhos aos pais, professores e estudantes, pág. 255.



A comunicação é um remédio pouco usado. Utilizando-a poderíamos evitar grandes desentendimentos. O orgulho, o egoísmo e a vaidade tem feito com que nos comuniquemos menos, falemos menos e pensemos demais. Por pensarmos e não expressarmos é que, por vezes, os professores não sabem ou não entendem o que os administradores esperam deles.



Por não haver conversa franca e honesta os coordenadores pedagógicos podem supor que a prática pedagógica esperada de seus liderados não está ideal, mas não expressam o que querem e a prática continuará a mesma.

Administradores escolares e financeiros, por não se comunicarem adequadamente, correm o risco de manter uma postura de conflito, mesmo sendo altamente eficientes nas áreas que são responsáveis. Suas áreas vão bem, mas o todo sofre. Se houver comunicação transparente, parceria de trabalho, conversas claras, discussões saudáveis, humildade para aceitar a opinião contrária, tudo pode ser melhor.


Tenhamos cuidado se estamos nervosos, frustrados, emocionalmente envolvidos, irritados, no ambiente errado, com pessoas que não precisam partilhar do assunto envolvido. Se isso contribui para problemas maiores é momento de calar-se. Procurar um momento adequado, depois de passar a irritação, buscar a comunicação e focar no problema e não na pessoa.



Conversas cruzadas ocorrem todos os dias. Podemos complicar ou facilitar. É necessário coragem e maturidade dos comunicadores para que ouçam e falem o que pensam, somem as ideias, eliminem os preconceitos e todo o corpo administrativo e pedagógico se fortificará e tornar-se-á uma fortaleza contra os inimigos do sucesso.

Se você é professor e crê que os seus superiores não entendem suas necessidades profissionais ou está insatisfeito com alguma situação específica e não vê possibilidades de melhoras para isso, de modo sábio comunique isso ao seu superior. Algumas vezes não mudam ou alteram coisas que esperamos que sejam feitas porque os envolvidos na solução não constataram que tais mudanças são necessárias. Você poderá ser parte da solução de muitos revezes na escola.



Caso seja um administrador e supõe que suas ordens ou orientações não estão sendo seguidas, aceitas, obedecidas, pode estar sofrendo com a má comunicação. Em reuniões administrativas, após expor suas ideias, desafios, propostas, projetos, pergunte se todos entenderam, se ficou alguma dúvida, incite que perguntem, explique novamente, use palavras comuns, conversação simples e busque compreensão do que foi comunicado. Convide um colega para que discuta antecipadamente as agendas de reuniões e poderás corrigir alguns possíveis “ruídos” antes de emitir sua mensagem a todos.



Guardar na mente, pensar negativamente, criar fábulas e acreditar nelas, só leva ao fracasso. Fale, comunique-se sem medo e terás a possibilidade de mudar o mundo, se necessário for.



Já dizia o Poeta:

“não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação direta”. – Mário Quintana.


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